quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O Aedes Aegypti e as Células Excitáveis.

Um mosquito versátil 

Diversas atividades biológicas dos seres vivos envolvem reações químicas, térmicas, elétricas, mecânica e luminosas. Em vertebrados, os efeitos bioelétricos podem exercer uma função central e são observadas em três tecidos: neural, muscular e endócrino.
As células excitáveis são aquelas capazes de gerar e conduzir potenciais de ação, este é um evento de natureza elétrica que se inicia no ponto em que a célula é estimulada, se estende por toda a célula, podendo se propagar também para células vizinhas. As células excitáveis são células que processam as informações recebidos através, principalmente de suas membranas. A membrana plasmática apresenta um modelo denominado mosaico fluido, onde estão presentes os lipídios e as proteínas de membrana. Apesar da estabilidade estrutural das membranas em duas camadas lipídicas, todos os lipídios são livres para deslocar- se lateralmente.

O potencial de ação é a maneira pela qual as informações são transmitidas pelo sistema nervoso. Tanto no meio extracelular quanto no meio intracelular há a disponibilidade de íons móveis, que dependem da existência de canais transmembrana específicos para circular entre o meio externo e interno. Macromoléculas eletricamente carregadas, contudo, predominam apenas no interior das células, como é o caso das proteínas aniônicas, incapazes de atravessar a membrana. Nas células apenas o K+ é permeável através da membrana, geralmente saindo da célula, seguindo seu gradiente de concentração. As células excitáveis são caracterizadas primariamente por serem permeáveis a mais de um íon. Nelas, além do K+, também o Na+ e o Cl- passam pela membrana através de canais seletivos próprios para cada tipo. O que vai diferenciá-los é apenas a taxa de vazamento que cada íon exibirá, ou seja, sua permeabilidade, fator que é determinado pelo número de canais disponíveis: quanto mais portas de saída, mais “fácil” será para um íon sair Nestas células, apesar do cenário mais complicado, o K+ ainda é o principal íon difusível, uma vez que tem a maior permeabilidade, e, como está mais concentrado dentro das células, tende a sair através de seus canais de vazamento da mesma forma que faz nas células não-excitáveis.


Fases do potencial de ação.

Fonte: Quillfedt, J. A. 2005

Os insetos compreendem o maior e mais diverso grupo dentre os animais. Pertencentes a este grupo estão os mosquitos, alguns destes transmitem patógenos mortais como parasitas da malária, vírus da dengue entre outros. O mosquito aedes aegypti, transmissor de doenças como o zika vírus, dengue e chikungunya, é um dos mais ‘temidos’ pela população humana. É sabido que não se deve deixar água parada para que não haja fecundação dos ovos deste mosquito e, consequentemente, uma proliferação desses no ambiente.
As fêmeas deste mosquito é a principal transmissora desses patógenos (zika vírus, dengue e chikungnya), através de sua picada.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiRVesjujhCuDnk7LsEAExgJgbzm6Us5chKrq8VVs49V5946CusicNpsVuRE68bWbzx9oI5t3re8frtp-BKAl6Kst-lClYpiH8UFtI7QvtOdXkwrtmkfGNFl9H0MyDn4o28JEntfV2jmJQ/s1600/femea+linda.jpg



O olfato permite aos insetos detectar, discriminar e reagir diante de uma gama de compostos químicos emanados por fontes biológicas presentes no ambiente. A importância da olfação neste grupo pode ser evidenciada pela complexidade das antenas, órgãos dedicados fundamentalmente à detecção de estímulos olfativos, mecânicos, térmicos ou hídricos. Além das antenas, os insetos podem detectar odores mediante sensilas presentes nos palpos maxilares ou labiais. As moléculas de odor são capazes de desencadear comportamentos de base inata e, também, aqueles desenvolvidos mediante experiências, como produto de processos de aprendizado.
Os neurônios sensoriais olfativos desse grupo se encontram dentro das cerdas sensoriais especializadas chamadas sensilas. Estes neurônios são bipolares com um corpo celular grande de onde se projetam um dendrito, que se estende dentro da projeção cuticular, e um axônio que se prolonga pela antena através do nervo antenal, atingindo o cérebro do inseto.
O mosquito aedes aegypti apresenta aparelho bucal do tipo sugador picador, formado por uma projeção tubular semi- rígida, comum em insetos transmissores de doenças (vetores).
Estes insetos utilizam seu aparelho picador sugador para a captura de sangue em animais recursos alimentares necessários à sua sobrevivência e desenvolvimento.


Mas como a fêmea do mosquito do aedes aegypti sabe onde encontrar esses recursos? Ou seja, como sabe onde picar, para a obtenção do sangue necessário ao seu desenvolvimento?
As fêmeas destes mosquitos, “são muito espertas” e apresentam um tipo de células excitáveis, uma classe de neurônios que captam CO2 através de quimiorreceptores.
As células das sensilas olfativas possuem quimiorreceptores para CO2 e essas células vão produzir um potencial de ação que vai até a sinapse do neurônio, levando o mosquito à busca de sangue, geralmente humanos ou animais, utilizado para nutrir os ovos, que são colocados em água e assim seguir o desenvolvimento de sua prole.




Fontes: 2012, Marcelo Gustavo Lorenzo & Ana Claudia do Amaral Melo. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.
Eloi S. Garcia, Daniele P. Castro,Marcela B. Figueiredo, Marcelo S. Gonzalez, Patrícia Azambuja. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.

Nenhum comentário:

Postar um comentário